Vinhedos Cicloturismo
Colônia Italiana
A partir de 1860, na Itália, ocorrem as guerras de unificação. Neste momento, este país passa por uma grave crise social e econômica.
No Brasil, o governo imperial decide incentivar a colonização de áreas desabitadas do sul do país, com imigrantes vindos da Itália. Em 1869, o governo da província já havia definido que as terras a serem ocupadas, seriam na encosta superior do nordeste. Em 1874 foi separado 32 léguas de terras, cada légua era dividida em 132 lotes, cortados por caminhos estreitos e irregulares, denominados de Travessões ou Linhas, abertos no meio da mata.
Aos italianos, a propaganda era distribuída através de cartazes e folhetos, falavam de muita fartura, prometiam transporte gratuito, hospedagem, ferramentas de trabalho, sementes, assistência médica, instrução educacional para as crianças, crédito financeiro ..... e assim muitas famílias deixaram tudo o que não podiam carregar e partiram das regiões de Vicenza, Padova, Verona, Treviso, com destino ao Brasil. A travessia do Oceano Atlântico durava cerca de um mês, em navios superlotados, onde as mortes por fome e pelas más condições higiênicas eram comuns. Os imigrantes chegavam ao Rio de Janeiro, permaneciam em quarentena, após esse período, embarcavam em navios menores à vapor até Porto Alegre, onde eram encaminhados à São Sebastião do Caí, e dali saiam com seus pertences, adentrando numa densa floresta, para uma longa caminhada até alcançar a "terra prometida". Em 1875, chegaram ao Estado cerca de 84 mil italianos, que fundaram cidades como Caxias do Sul, Antônio Prado, Nova Pádua, Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha e muitas outras, criando uma cultura regional forte, com dialeto, hábitos e arquitetura muito próprios. Nas trilhas demarcatórias dos lotes, a única maneira de passar era a pé. Toda a região era habitada por índios Caigangues e muitas das trilhas também eram usadas como rota de passagem de tropeiros que se deslocavam do sul ao centro do país. No encontro com os tropeiros, os imigrantes compravam mantimentos, cavalos, mulas e carroças. As trilhas na mata passaram a ser estradas pelos próprios imigrantes, que trabalhavam na abertura destas, sendo remunerados pelo governo. Numa dessas trilhas/estradas, que era o único meio de ligação da Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves) com a Colônia Caxias (Caxias do Sul), logo foi sendo construídas belas casas, algumas toda em pedra e outras em madeira, formando diversos empreendimento comerciais, após as carroças vieram os automóveis e caminhões. A prosperidade durou até a década de 60/70, quando ocorreu a mudança do traçado da rodovia que ligava Porto Alegre ao norte do Estado, e essa estrada foi parcialmente esquecida e algumas propriedades abandonadas. Passados alguns anos, um projeto cultural revitalizou em todos os aspectos uma parte dessa estrada, resgatando a história e proporcionando a continuidade das tradições familiares, e a localidade de São Pedro tornou-se o Roteiro Cultural Caminhos de Pedra, pioneiro no segmento de turismo rural no Brasil e a partir de maio de 1992 passou a receber turistas do mundo todo.
O Vale dos Vinhedos está localizado entre os municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Garibaldi. É a região brasileira mais tradicional na produção de vinhos. O Vale dos Vinhedos representa o legado cultural e histórico deixado pelos imigrantes italianos, que chegaram na região em 1875. Desde 2011, os vinhos produzidos neste vale, em sua maioria, apresentam o D.O.C (selo de Denominação de Origem Controlada). É possível visitação e degustação de sucos, vinhos e espumantes, nas pequenas vinícolas familiares e até em vinícolas com grande investimento tecnológico.
A Rota dos Espumantes fica no município de Garibaldi, considerada a capital nacional do espumante, pois foi a primeira cidade no país, em 1913, a produzir champanhe (espumantes pelo método Champenoise), por Manoel Peterlongo, natural de Trento, que em 1878 foi enviado à Colônia Conde D'Eu (Garibaldi) para demarcar terras. Em casa, tinha no porão uma pequena cantina, onde iniciou seus experimentos, até que na pequena vila surge a 1º Exposição de Uvas de Garibaldi, e Manoel recebe a "Medalha de Ouro" - "moscato Typo Champagne". É o primeiro registro oficial da bebida sendo elaborada no Brasil. Em 1915, é criada oficialmente a Vinícola Peterlongo. Em 1929, um grupo de 73 produtores de uvas, fundaram uma cooperativa, em 1931, surge a Cooperativa Agrícola Garibaldi, hoje, o Espumante Garibaldi Moscatel está presente na lista dos "100 Melhores Vinhos do Mundo". Na estação férrea inaugurada em 1918, a sensação de voltar no tempo, acontece olhando a chegada do trem "Maria Fumaça". Na rua Buarque de Macedo, destaca-se a arquitetura de grandes casarões, construídos com muitos e delicados detalhes.